Palau significa palácio em maiorquino. Na Europa os palácios sempre foram identificados como residências dos reis, burgueses e nobres. Costumam ser edifícios enormes e que no seu dia tiveram todo tipo de luxo para os seus moradores. A história dos palácios ou palacetes maiorquinos originou-se no século XIII. São autênticas joias! Palma tem aproximadamente uns 60 palácios que foram edificados em diversos estilos: medieval, gótico, barroco, renascentista etc. Nestes prédios, na sua grande maioria, encontram-se os pátios que além de servirem como hall de acesso à casa ou como ponto de encontro da sociedade daquela época, também mostravam o escudo da família, bonitas colunas adornadas de mármore, e, em muitos casos, uma cisterna e lugares para serem deixados os cavalos ou a carruagem.
Eu já tive a oportunidade de visitar várias vezes o Palau March com turistas interessados em conhecê-lo bem como o seu acervo artístico.
Encontra-se bem no centro da cidade de Palma ao lado da Catedral e do Palácio de La Almudaina. Este prédio começou a ser construído em 1939 e as suas obras terminaram em 1945.
Durante muitos anos foi a residência da família do banqueiro maiorquino Juan March Ordinas (1880-1962) considerado como o homem mais rico da Ilha no começo do século XX.
A arquitetura deste lugar é senhorial e representa os estilos catalão e italiano.
O autêntico impulsor do Museu Palau March como hoje é conhecido este exponente cultural foi o Sr. Bartolomé March Servera, filho do Sr. Juan March. Ele nasceu em 1917 em Palma e faleceu em 1998 em Paris. Ele era advogado. Sempre foi considerado como uma pessoa ligada às artes e um grande colecionador de quadros, esculturas, livros, objetos antigos de decoração etc.
Este Museu/Palácio, na minha opinião, merece a pena ser visitado por partes:
Biblioteca - inaugurada em 1970 - é uma fonte inesgotável de informações sobre as Ilhas Baleares. Possui manuscritos, sessenta mil volumes de livros, publicações e documentos que originaram-se no século XIV.
Horários: segunda-feira, quarta-feira e sexta-feira: 09:30h a 14:00h
terça-feira e quinta-feira: 16:00h a 20:00h.
Verão: de 15 a 31 de julho e de 01 a 15 de setembro - de segunda-feira a sexta-feira: 09:30h a 14:00h.
Agosto: fechada.
Sábados e domingos: fechada.
A entrada à biblioteca é feita pela Carrer Conquistador, n 13.
Para entrar no prédio do Museu é necessário subir umas escadas que estão ao lado da Cafeteria Cappuccino e virar no final à esquerda. A bilheteria está ao lado da porta de entrada e o bilhete custa 4,5E (adulto) e a entrada para crianças menores de 12 anos, é grátis.
Eu tenho certeza de que você vai parar para admirar o bonito terraço ou conhecido como “patio de honor”. Ele é amplo, elegante e está repleto de esculturas de importantes artistas conhecidos a nível mundial.
Eles usaram uma enorme gama de materiais, tendências, conceitos etc que os fizeram muito famosos. Exemplos:
Auguste Rodin (1840-1917) - a sua obra é “Torse d’homme qui tombe” - escultura de bronze na qual está aplicada a técnica da junção ou “assamblage”. Este trabalho foi modelado, primeiramente, no barro, e, o autor deixou as suas impressões digitais no mesmo. Pignatelli, um jovem italiano, foi o modelo desta escultura.
Max Bill (1908-1994) representante do “Arte Concreto” une de uma maneira harmoniosa o pedestal e a escultura.
Eduardo Chillida (1924-2002) é considerado um dos mais importantes escultores espanhois da arte contemporânea. Durante a sua vida trabalhou com diversos materiais como o ferro, madeira, concreto, pedra….neste caso, este conceituado autor usou o aço para criar um jogo de estruturas no qual o vazio também faz parte do mesmo. Chama-se “Elogio de la Arquitectura II”, e é de 1972.
Chillida, na minha opinião, sempre será identificado como o criador da arquitetura dos opostos.
Os trabalhos dos artistas ingleses Henry Moore (1898 -1986) e Barbara Hepworth (1909 - 1975) também podem ser vistos no Palau March. Por coincidência eles estudaram juntos na conceituada Escola de Belas Artes de Leeds, na Inglaterra. Uma escultura feita pelo valenciano Andreu Alfaro (1929-2012) -“Líneas al Vento V” lhe vai chamar muito a atencão. Na foto anterior pode ser vista no alto, à direita.
As maravilhas continuam no interior do Museu que também é conhecido como Fundación Bartolomé March. Eu adoro o seu presépio. O chamado “Belen Napolitano” foi comprado nos anos 70 e transformou-se na joia de toda a coleção. O Sr. Bartolomé comprou umas 2.000 peças que são do século XVIII para compôr este fantástico conjunto. A riqueza dos detalhes mostrados nas figuras, que têm entre 10 cm e 50 cm de altura, não passa despercebido a ninguém: as expressões, os olhares, as feições, os ambientes reproduzidos com os mínimos detalhes bem como as vestes típicas da época, os edifícios, animais, joias etc.
Os Reis Magos também estão presentes neste cenário de uma maneira criativa e suntuosa porque você verá vários desfiles oriundos de muitos lugares do oriente. Simplesmente incrível!
Próximo ao presépio está uma exposição de litogravuras de Salvador Dalí (1904-1989) - artista, pintor, escultor espanhol representante do surrealismo. Estes trabalhos fazem alusão à alquimia e à eternidade. Subindo as escadarias com destino ao segundo andar você verá os murais de Josep Sert (1874-1945) artista catalão que realizou diversos trabalhos na Espanha e no exterior. Além de ver tudo isto, tome nota também:
. da coleção de pequenas arcas e caixas que são dos séculos XII ao XVI e que foram feitas em marfim, madeira, couro, ou metal e que são procedentes da Espanha, França e Itália.
. da cartografia maiorquina documentada entre os séculos XIV e XV e que era feita com muito esmero. Incrível ver a descrição de países ou regiões de uma maneira tão minuciosa sem o auxílio de métodos tão avançados como o GPS, por exemplo.
Quando estiver em Mallorca e queira curtir outro lugar de cultura, lhe recomendo também visitar o Museu March - leia aqui sobre ele - você vai adorar a experiência!
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Eliana Pacífico
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